sábado, 12 de março de 2011

O protesto em Forma de Música

A Clara é bahiana, Jornalista e fã de McFLY.
Na verdade foi graças ao McFLY que conheci a Clarinha, menina linda, animada de bem com a vida e inteligentíssima. Tinha certeza que quando eu a convidasse pra escrever pro M.O.S. o resultado seria ótimo.
Ela nos presenteou com esse texto cheio de cultura brasileira que anda meio em falta nesse humilde blog.
Agradecemos a Clara pelo lindo texto. *-*
Leia nas próximas linhas um pouco de como a música pode estar ligada ao protesto e como o Brasil é um ótimo exemplo disso.




O protesto em Forma de Música
Texto de Clara Abdo.

O quão bonito é falar dos seus problemas em forma de ritmo?

E o quão doloroso deve ser unir o que te aflige e transformá-lo em poesia?

Quando recebi este tema como pauta para escrever no Music On Strike, simplesmente adorei. Particularmente falando, acredito em revolucionar e defendo um ato de mudança para algo que venha a beneficiar (eticamente falando) um grupo de pessoas.

Então, nada melhor do que protestar por meio da música. Na etimologia, o termo protestar vem do Latim Protestari, que significa declarar algo em público. E podemos dizer que todo músico faz isso. Ele reúne aquilo que acredita como verdade, cria rimas e as mesclam com melodias que nos fazem sentir arrepios e emoções.

Se pararmos para analisar o ‘além’ de cada frase criada para uma canção, podemos concluir que a junção das palavras está musicada para protestar por algo, expressar e expor para alguém.

A partir disso, resolvi escolher não apenas uma banda para apresentar a vocês, mas um movimento que aconteceu no Brasil na década de 60 – e que a maioria já deve ter ouvido falar – no qual envolveu artistas nacionais e pessoas cheias de esperança que lutavam por liberdade de expressão e utilizavam da música para falar sobre isso.

O Brasil neste período vivia em um palco de tensão e contava com um elenco incrível: o Estado como o grande Chefão, parte da mídia influente como a sua aliada e o povo brasileiro como o circo de fantoches. Não apenas de manipulações políticas vivia a população, mas também das efetivas manipulações culturais. Tão “cheia de graça” eram as músicas que embriagavam os cegos para a realidade.

Diante de tantos fatos, eis que surgia então, com Caetano Veloso e Gilberto Gil, a Tropicália. Ela pôde reunir, dentre diversos artistas, Os Mutantes, Gal Costa, Tom Zé, Torquato Neto e Nara Leão.

E na busca de uma remodelagem da cultura, eles apresentavam os seus protestos por meio das distorções da guitarra, da rumba e do baião, dos elementos psicodélicos e das frases e refrãos mais reais aos olhos de quem não era favorecido pela ditadura.

Os tropicalistas queriam mudar a forma de como a cultura era conduzida e implementar o elemento crítico nas letras das músicas, de modo a produzir o despertar daqueles que ainda cochilavam sob o som do chorinho.

Eles queriam cantar a canção iluminada de sol e poder fazer com que as pessoas na sala de jantar não estivessem tão ocupadas apenas em nascer e morrer.

A Tropicália foi uma divisora de águas, assim como foram muitos movimentos e estilos musicais. Mas ela, especialmente ela, conseguiu transpor todo um padrão de cultura demarcado por uma ditadura ferrenha e cruel, e gerar a diversidade no cenário da música brasileira e na abrangência crítica do pensamento social.

Um comentário:

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